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“Era tudo quase família”

Antigamente havia muitos mais clientes que há agora. Posso dizer que normalmente a atender ao balcão eram três, quatro pessoas. Depois de almoço, quando uma loja fechava às 12h30 e abria às 14h30, estavam sempre ali uma fila de quatro, cinco clientes à espera para entrar para serem atendidos, o que infelizmente hoje em dia não acontece.

Hoje uma pessoa encontra sementes no Continente, encontra sementes no Maxmat, encontra sementes no Aki, encontra máquinas em todos esses lados. E, portanto, aqueles a quem eles venderem não vêm ter connosco. Mas temos uma coisa que para nós é extremamente agradável. É que os avós eram clientes, os pais são clientes e os netos são clientes. Portanto, há três gerações de pessoas de famílias que ainda hoje são clientes da nossa firma, que é uma coisa extremamente agradável. Aquela sequência da família, a passagens de pais para filhos, de filhos para netos. Isso é-nos muito agradável e satisfaz-me bastante.

Ensinamentos do pai

Antigamente a encomenda ia e a factura ia e chegava lá dois ou três dias depois. Hoje, como estamos com um sistema electrónico, automaticamente a encomenda sai logo com os preços. Lá depois é só carregar num botãozinho. Sai a factura e a factura acompanha a encomenda. Antigamente não era assim. O meu pai muitas vezes, às 18h, dizia:

- “Como é que tens o teu serviço?”

- Olhe, estou a acabar isto aqui, não sei quê… Tem mais isto, mais aquilo…

- “Então, daqui a dez minutos estou à tua espera.”

Ele sentava-se na secretária que hoje é minha, mandava-me sentar em frente e começava a contar a história da vida dele. Como começou e onde começou, a dificuldade que ele teve em impor a casa, porque já havia aqui duas casas em Lisboa muito importantes e ele teve que fazer, corria o país todo, na altura de bicicleta. Outras vezes de comboio, que não havia carros. E ele dizia assim para os clientes:

- “Olhe, fica um cartão meu. Como isto são coisas de importação às vezes há artigos que você pode pedir para casa e estar esgotado. Se depois nos quiser dar a honra de pedir para nós…”

E começou a ter muitos clientes… Não começou por dizer mal da concorrência, não começou por nada.

- “Se você quiser…”

E os clientes começaram, aos bocadinhos, a dividir o que ia para Lisboa… Metade foi para Lisboa, a outra metade ia para o Porto até que, às tantas, 75% era para o Porto e 25% era para Lisboa. Até que as casas de Lisboa fecharam.

“Há dois tipos de clientes: o retalho e o junto”

Os clientes vêm porque efectivamente são bem servidos, primeiro ponto.

Segundo ponto, os preços, procuramos que não fujam muito do que eles poderão encontrar numa grande superfície. E depois a firma compõe-se de duas espécies de clientes. Há os clientes de retalho, aqueles que compram e pagam imediatamente, e há o cliente de junto que é aquele que encomenda para depois revender na sua terra e que normalmente lhe damos 30 dias ou 60 dias. Portanto, há uma diferença do cliente. Também há uma tabela para retalho e há uma tabela para junto. Repare-se, uma pessoa vem cá comprar 1 quilo de cenouras Eu faço-lhe um preço. Outra vem cá, compra 10 gramas de cenoura e eu faço-lhe o mesmo preço. Não é justo. Porque a primeira paga os seus impostos, ela tem loja aberta, tem os seus empregados, tem não sei quê, tem que ter um preço diferente.

Portanto, aqui já há logo uma bifurcação: o preço do retalho e o preço do junto. E procuramos fundamentalmente o preço do retalho não andar muito longe do preço das grandes superfícies. Simultaneamente, a diferença entre o preço do retalho para o preço do junto flutua entre 25 a 30%. Portanto, o homem sabe que comprando aqui 1 quilo de cenoura para vender que vai ganhar 30% sobre o preço do custo.

Marcas

Nós temos aqui muitos turistas a quem eu chamo os mirandas. Porque entram, olham para a nossa loja, gostam, vêem e vêem e vêem. E eu digo miram, miram, miram e andam. Vão embora. Eu chamo-lhes os mirandas. O que era bom, deixarem ficar dinheiro. Não fica. Arranjar lojas de marca que queiram ficar no centro da cidade. Mas agora isso está tudo nos centros comerciais. Andam ali porque tem um Lacoste, tem um Fred Perry…

São lojas âncora que vão puxar outros. Se alguém tiver aqui e vier comprar uma camisa da Lacoste ou qualquer coisa desse género e depois passar e vir a nossa montra diz assim:

- “Ah, eu queria um pacote de cravos.”

Ou:

- “Queria um pacote de zínias.”

Ou:

- “Queria um pacote de sécias.”

Já compra. Deixou pouco, mas deixou algum. Agora quem não venha cá comprar Lacoste, é que não nos compra os pacotes. Isso é com certeza absoluta.

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