Na Casa Faria entre Fevereiro e Abril, não deixe de nos visitar e conhecer os recantos curiosos desta casa. Mostrar/Ocultar

Pessoas

Mini Biografia

Luízete Rodrigues Perfeito Alves nasceu em São Paio de Gouveia, a 12 de Julho de 1946. O pai chamava-se Aurélio dos Santos Serrano e a mãe Clarisse Amaral Rodrigues. “O meu pai era tintureiro numa fábrica que chamavam Estevão Ubach. E a minha mãe era doméstica.

É uma das proprietárias da Casa Faria, uma casa de velharias “isto parece a cabana do Ali Bábá, há de tudo um bocadinho. É uma loja um bocado desarrumada, mas funciona bem assim porque os clientes gostam da descoberta.

“Há princípios que têm que se cumprir”

O meu trabalho é adquirir peças. Eu saio para o exterior quando me chamam para ir ver recheios, porque normalmente eu compro recheios de pessoas que quando morrem as famílias têm que entregar as suas casas, ou quando vão para os lares, ou quando têm coisas a mais na sua casa e querem vender. Normalmente chamam-me e eu vou ver se realmente me interessa ou não.

Isso compra-se em lotes. Então, comprando por lote, eu vejo aquela peça, atribuo “x” àquela peça, “y” àquela, distribuo, vá lá, o preço da margem pelas peças todas que comprei. Também compro alguma coisa em leilão.

“Dificuldade em vender devido à crise ou a mudança de gostos”

Durante o dia, estou aqui para atender os clientes que me aparecem.

De manhã chego aqui às 10 horas, não vale a pena abrir antes porque clientes deste ramo não andam cedo na rua. Depois almoço às 12h30 normalmente numa casinha também típica e muito caseira que se chama o Caseirinho. Almoço e, como eu gosto do meu trabalho, por vezes até nem vou descansar. Fico por aqui no estabelecimento. Estou cá até às 18h30.

Umas vezes aparecem clientes, outras vezes também se está o dia inteiro sem aparecer ninguém. Houve um período de auge, um período muito bom, há dez anos atrás. Foi um período em que se vendia tudo! Agora, mesmo coisas melhores, tem-se dificuldade em vender talvez devido à crise ou a mudança de gostos.

“Foi neste ramo que me realizei”

Estudei até ao quinto ano só que fui sempre uma péssima aluna. Para desgosto dos meus pais, nunca tirei um curso como era o desejo deles.

Houve um período da minha vida que eu pensava que não me tinha realizado, que nunca fiz nada que eu tivesse gostado. Depois cheguei à conclusão que foi neste ramo que eu me realizei. É com prazer que faço este trabalho. A razão porque ele tem sido proveitoso é porque faço com muito gosto e isso tem muitas vantagens.

Saber receber, saber dar de nós um bocadinho ao cliente… sinto-me realizada com este ramo.

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Rua

“Das ruas mais importantes e mais bonitas da cidade do Porto”

Quando vim para esta casa, a rua não era tão barulhenta. Era uma rua mais bem frequentada, tinha gente de outra classe social. Lojas, até eram muito variadas, eram lojas de ferragens, lojas de sementes, havia uma loja de santos lá ao fundo que também acabou, lanifícios e via-se bastante gente a pé. Agora vê-se é muitos carros, muita gente de carro.

Agora dá-me impressão que há pessoas que têm receio de vir para aqui, há um estigma qualquer talvez porque houve um período de droga muito forte e as pessoas ficaram com receio de vir frequentar a Rua Mouzinho.

E também uma das razões porque a minha rua está em crise são os carros que param e os clientes dizem:

- “Dona Luizete, não posso ir aí à sua loja, porque compro uma peça e levo uma multa. Portanto, a peça fica-me cara.”

Desistem e não vêm. Tenho perdido muitos clientes, porque param o carro e, como eles dizem, é caça à multa. Está lá o polícia para multá-los. A minha casa tem sofrido por esse factor. Só a Câmara poderia dar um jeitinho, porque o comércio aqui na Rua Mouzinho todo ele é muito afectado. Por exemplo, parar o carro e dar-se dez minutos à pessoa para fazer as suas compras e naquele período de tempo não serem multados. Há pessoas que abusam e que merecem ter uma multa mas, neste caso, seria sim para eles fazerem a sua compra e depois ir à vida. Não seria para estar todo o dia o carro estacionado. Podiam facilitar.

Eu acho que é uma rua bonita, larga, em que os carros têm uma saída enorme, airosa e antiga pela sua história. Mouzinho da Silveira, para mim, é uma das ruas mais importantes e mais bonitas da cidade do Porto, é uma rua de comércio tradicional, que normalmente as pessoas frequentavam, onde gostavam de ser recebidas pelas pessoas, onde eram mais bem recebidos, com mais atenções, com mais reconhecimento.

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