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Os dias quentes aproxima-se, e as nossas sugestões são muitas, destacamos o sal aromatizado para grelhados, os frescos de Groselha e Capilé (quem não se lembra?), sem corantes nem conservantes, e as novas conservas José Gourmet acompanhadas de receitas do conhecido chef Luís Baena.

Pessoas

Mini Biografia

Rosa Maria Trancoso Sousa Dias nasceu em Valença no dia 25 de Outubro de 1971. Desde pequena que estudou no Porto e acabou por tirar “o curso de Relações Internacionais na Universidade Lusíada do Porto”.

Trabalhou 12 anos na Luftansa e quando foi dispensada ao invés de cruzar os braços, optou por abrir a Mercearia de São Bento. “Eu já tinha pensado na Rua das Flores e foi uma coincidência enorme ter surgido esta oportunidade precisamente no sítio onde eu gostaria. Se calhar é o destino.

Define a sua loja como “não é uma loja gourmet, vendo maioritariamente produtos alimentares portugueses. E como só tenho produtos portugueses, nasceu a ideia de mercearia, porque queria dar a ideia da mercearia antiga.

“O meu primeiro emprego foi no aeroporto”

O meu primeiro emprego foi no aeroporto, eu trabalhava numa companhia aérea alemã, a Luftansa. Trabalhei lá 12 anos, na parte da carga aérea, portanto não lidava com passageiros mas sim com carga. O que eu fazia era vender o espaço que existe nos aviões para carga, porque todos os aviões comerciais levam carga. Foi o meu primeiro emprego e foi basicamente o único emprego que eu tive. Trabalhei lá 12 anos, depois mudei o ano passado para outra empresa mas também do mesmo ramo ainda no aeroporto. Foi basicamente só mudar de empresa e entretanto fui despedida por questões financeiras as coisas não estavam a correr muito bem e foi daí que surgiu esta nova fase.

Rua

"Na Rua das Flores lembro-me das ourivesarias e dos armazéns."

Lembro-me perfeitamente desta rua, porque como o meu pai trabalhava aqui na Baixa, eu vinha muitas vezes tanto com ele como com a minha mãe aqui a um armazém que já não existe, que eram os Armazéns Pedrosa.

Aqui da Rua das Flores, lembro-me basicamente das ourivesarias e dos armazéns.

“Já tinha pensado na Rua das Flores”

Antes de ficar desempregada, já tinha pensado num projecto deste género.

Como é óbvio para ter um projecto como este, a pessoa tem de estar à frente do mesmo, ou seja, o objectivo não era abrir uma loja como esta e contratar alguém para estar aqui, porque é completamente diferente. Eu nessa altura já tinha pensado na Rua das Flores e foi uma coincidência enorme ter surgido esta oportunidade precisamente no sítio onde eu gostaria que ele fosse concretizado. Se calhar é o destino.

“Faz falta recuperar o que está por recuperar”

Na rua das Flores, acho que faz falta recuperar o que está por recuperar.

Sinceramente eu acho que a rua tem todos os ingredientes para ser uma rua com muito movimento, uma Santa Catarina digamos assim, se houvesse mais oferta.

Vai nascer aqui um hotel que acho que com certeza vai dinamizar muito esta zona, mas há aí tantas lojas fechadas, tantas coisas degradadas, acho que esse era o primeiro passo.

A rua é um bocado caótica em termos de trânsito é o único aspecto que eu tenho a apontar, porque eu acho que esta rua é fantástica, mais do que outra rua. Por exemplo se eu tivesse oportunidade de estar em Santa Catarina, eu nunca trocaria, nunca deixaria de estar aqui para ir para Santa Catarina e no entanto tem outro tipo de movimento, tem sempre milhares de gente a passar, mas acho que não se enquadra, acho que não tem a ver.

Esta rua é muito mais emblemática, é muito mais bonita até. Esta rua está no meu imaginário por isso acho que se calhar também é por isso, é por aí que eu gosto tanto desta rua.

Se a rua fosse pedonal se calhar ia ter mais movimento, agora não sei por onde é que iriam escoar este movimento todo porque o Porto é uma cidade labiríntica. A questão é que por aqui passam os autocarros, passam as ambulâncias é constantemente, o dia todo.

“Não conheço muito bem as lojas que existem na rua”

Não conheço muito bem as lojas que existem na rua. Mas eu sei que existe uma farmácia, um armazém de atoalhados do estilo do meu pai, as ourivesarias, uma casa de bijutaria, uma casa de artesanato, uma livraria acho eu, portanto sei mais ou menos os serviços que existem. Mas acho importante e gostava de conhecer os comerciantes todos, alguns já vieram aqui, alguns já se apresentaram e já compraram aqui algumas coisas, mas a verdade é que não conheço todos.

“Se mudássemos os horários das lojas as coisas também funcionavam de maneira diferente”

Se calhar se mudássemos os horários das lojas, as coisas também funcionavam de maneira diferente. Se as lojas funcionassem até mais tarde as pessoas que trabalham fora viriam às compras, se calhar passa por aí.

Funcionarem por turnos ou mudarem os horários de maneira a abranger todos os horários das pessoas que entram às nove horas, que querem fazer compras, até às pessoas que depois de trabalhar querem vir aqui e como não têm possibilidade vão para o shopping, porque no shopping temos todas as facilidades até bem tarde.
Mas isso aí já é uma mudança muito, muito grande.

Eu sei que é uma coisa muito difícil de fazer, mas pelo menos ao sábado, eu costumo estar aqui. Quando estava a trabalhar de segunda a sexta normalmente só ao sábado é que tinha tempo para fazer compras. Portanto só a manhã de sábado não chega, as pessoas dão duas voltas e a manhã acaba. Se calhar se também estivessem abertos ao sábado à tarde, também se dinamizava um pouco mais.

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Lugar

"Lembro-me perfeitamente desta rua"

Lembro-me de Santa Catarina e das Galerias Palladium, eram sítios onde eu costumava vir fazer compras com os meus pais.

Na altura, como os meus pais vinham para a Baixa nós vínhamos também passear, vínhamos ao cinema no Natal, na altura das férias das aulas e sempre que tínhamos alguma compra para fazer, fazíamos aqui nesta área, entre Santa Catarina e a Rua das Flores, por isso estas ruas são-me todas familiares, sempre vivi aqui e conheço bem.

Quando queria fazer compras andava mais na zona de 31 de Janeiro, Passos Manuel e Santa Catarina. Lembro-me perfeitamente de ir às lojas de discos que havia ali na Rua 31 de Janeiro, que havia imensas. Lembro-me tão bem de ir lá! Agora já não existem há muitos anos.

Nessa altura havia muito movimento. Eu lembro-me de vir à Rua das Flores, aos Armazéns Pedrosa, e demorar eternidades, porque trabalhava imensa gente, era uma azáfama, tinham muitos empregados. Aliás o meu pai também tinha no armazém. Portanto era completamente diferente. Eu acompanhei o auge quando era miúda e depois acompanhei também a parte em que tudo começou a definhar, em que os armazéns começaram a fechar.
Porque havia imensos armazéns aí nos Clérigos, havia lojas que eu já não me lembro, que já não existem há muito tempo.

“As pessoas já se aperceberam que têm uma cidade lindíssima”

Há uma mudança de atitude porque acho que as pessoas já se aperceberam que têm uma cidade lindíssima e que a cidade não pode cair aos pedaços. Nós vamos lá fora, vamos a Madrid, vamos a outras cidades europeias e não vejo nada assim a cair aos pedaços. Vejo edifícios lindíssimos todos recuperados, todos limpos. Portanto acho que as pessoas já chegaram à conclusão de que se não preservarem, tudo isto vai morrer e é uma pena, não pode ser.

Mesmo as pessoas mais novas, acho que também já estão mentalizadas que as coisas devem ser preservadas, que devemos preservar a nossa tradição. Nós temos uma cidade tão bonita que seria um crime não a estimar.

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